1. Mudar imediatamente a velha denominação “CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa” para a denominação mais “cairológica” de “Comunidade Lusófona”, que, obviamente, remete para mas vai além da questão da “Língua Portuguesa” (para já não falar da absurda fórmula, que por vezes ainda se ouve mas espero que já só por inércia, de “Expressão Portuguesa”) como também obviamente remete para mas pode e deve ir além dos Países-Estados independentes e estar aberta a Povos e Diásporas como a Galiza e Goa e Macau e Sacramento e Comunidades Emigrantes e Etc. (mesmo se com estatutos diferenciados, o que não significa necessariamente menores…). Simbólica e sintomática foi, por exemplo, toda a polémica relativa à bondade ou à maldade, à virtude ou ao pecado da admissão da “Guiné Equatorial” no seio da CPLP. Como então escrevi, oxalá viessem, e rapidamente, muitos mais países e povos e fizessem da CPLP uma organização de influência decisiva no desenvolvimento sustentado e no respeito de todos os direitos humanos (a começar por tantos e tantos membros da ONU e, eventualmente, por alguns dos membros da atual CPLP, sem excluir Portugal, pela maneira nem sempre muito digna como trata os seus imigrantes, lusófonos e não lusófonos).
É perfeitamente compreensível, aliás, que a CPLP não tivesse ainda no seu nome a designação de “Lusófona”, já que o próprio termo “Lusofonia” só chegaria mais tarde (mas a boas horas e por minha máxima e feliz culpa) aos dicionários da Língua Portuguesa.
2. Acabar imediatamente com a inclusão dos “negócios ou relações lusófonas” no âmbito dos “ministérios dos negócios estrangeiros ou relações exteriores”.
Ou será que os “Lusófonos” continuam, de facto, a não passar de simples “Estrangeiros” ou de simples “Exteriores”?
E que se espera para criar um autónomo e visivelmente poderoso “Ministério da Cooperação inter-Lusófona”?
3. Avançar imediatamente para a criação de um “Parlamento Lusófono”, símbolo maior das democracias modernas, cujo primeiro Presidente pelo menos “Honoris Causa” bem merecia ser essa grande personalidade lusófona que dá pelo nome de António de Almeida Santos e bem assim para a criação de um “Banco Lusófono”, num tempo em que a “Economia Política” (que não necessariamente essas “economias de casino e de merceeiro” de tantos dos nossos “contabilistas” de serviço) é muito justamente reconhecida como a base real das sociedades e a “rainha das ciências sociais e humanas”.
4. Declarar inaceitável a ainda não existência de um comum “Passaporte Lusófono” e de uma comum “Cidadania Lusófona”, sem os quais não pode haver C.P.L.P ou Comunidade Lusófona ou Lusofonia dignas desses nomes. Quando é que os cidadãos dos países lusófonos tornarão suas as palavras de Cícero contra Catilina e dirão: “Quousque tandem… Até quando continuarão todos esses Estados e Governos e suas incompetentes burocracias a abusar da nossa paciência lusófona”?
5. Tomar a designação do Brasil para membro permanente do Conselho de Segurança da ONU como objetivo prioritário, o que, além de mais que “digno e justo” “no âmbito da reconfiguração da Nova Ordem Internacional, seria também mais que “racional e salutar” do ponto de vista de afirmação da Lusofonia e da Comunidade Lusófona. A criação de uma “Força de Segurança Lusófona Comum” seria também extremamente desejável e urgente.
6. Tomar definitivamente a sério a questão da “Língua Portuguesa” e não permitir, sob nenhum pretexto, que uma das pouquíssimas línguas potencialmente universais do século XXI seja tantas vezes reduzida ao lugar e papel de uma língua quase insignificante (na ONU e respetivas organizações associadas, no Vaticano, nos congressos internacionais, nos “Prémios Nobel da Literatura”, etc.). Quando é que os países e povos lusófonos darão o verdadeiro sentido às palavras de Fernando Pessoa: “Minha Pátria é a Língua Portuguesa”? E, também, utilizando as palavras de Manuel Maria Carrilho, quando descobriremos que “o respeito pela Língua Portuguesa não é compatível com o uso do «portunhol», do «franciú» ou do «bad english»” (Diário de Notícis, 28 de Outubro de 2010)? E quando é que a conclusão-voto da “XIV Semana Sociológica”, organizada na Universidade Lusófona do Porto, em Abril 2009 e que preconizou “a criação naquela cidade, de uma Academia Lusófona da Língua Portuguesa” principia a ser efetivamente realizada? E neste campo nunca será assaz louvado o papel do “Jornal de Letras …” e respetivo fundador-diretor, José Carlos Vasconcelos.
(continua)
Ferrnando Santos Neves