18/04/2011

Os "velhos" da minha terra


Pela brisa fresca da manha os "velhos" da minha terra sentados no banco do jardim comentam:

- " Com a crise que para aí vem ainda vamos voltar a ver estas terras todas abandonadas ao Deus dará cultivadas como outrora com batatas, milho e cereais." A serra que tanto sofre com a desertificação, outrora habituada a rebanhos de cabras e Ovelhas que contribuíam para a limpeza da mesma e por consequência menos incêndios florestais. As pessoas iam ao mato para as camas do seu gado e criação, para proteger as suas culturas, hoje apenas meia dúzia continuam a insistir neste modo de vida. Com a fome que há e vai aumentar nas nossas cidades custa ver terrenos ao abandono quando se poderia com pouco dinheiro criar zonas de terrenos agrícolas em vez de parques e parquinhos que nunca percebi bem porque custam sempre milhões e estão sempre em manutenção. Vejo os "velhos" da minha terra com 80 anos ainda agarrados á inchada, com uma saúde de ferro porque não param, não há cá de ginásios, a horta é exercício que chegue e ainda se consegue aproveitar para não ter de passar mais mal do que o necessário. Sem qualquer ofensa aos Alentejanos, mas parece que anda tudo numa de " já experimentei trabalhar deitado mas não consigo".

A serra está deserta, aldeias que onde antes habitavam 200 pessoas hoje resumem-se a 15 ou 20 até ao dia que por falta de transporte e com o agravamento das condições físicas lá vêm para o Lar ou para casa dos filhos em Lisboa. Aldeias inteiras compradas ao preço da Uva mijona por estrangeiros que com pouco dinheiro( ao contrario do nosso governo) as restauram e transformam em pequenos paraísos de ferias para o merecido descanso do guerreiros dos países ditos desenvolvidos, que ao chegarem a este paraíso exclamam que o Paraíso afinal sempre existe na Terra. Mas a vida do campo é muito complicada, ainda há uns meses a traz andei fazendo uma pesquisa para a implantação de um rebanho de cabras para fornecer uma queijaria Tradicional que se vê á rasca para conseguir leite de boa qualidade e cheguei á seguinte conclusão: - Não há por parte do estado qualquer tentativa, como acontece por exemplo em Espanha de apostar na melhoria genética e de cruzamento de espécie para obter "melhores" cabras com maior rendimento( a cabra serrana portuguesa tem um rendimento 4 vezes inferior a todas as outras espécies na Europa). - Não há informação, nem ajuda do governo em tentar melhorar a maneira como a grande maioria das explorações de pequeno porte trabalham, onde a regra principal é de " dá-lhe uma e promete-lhe outra". - São tantos os papeis e voltas que se tem de dar que realmente ou se tem um curso superior ou dinheiro para pagar a alguém para nos ajudar a por alguma coisa em pratica.

Necessitamos de um país com menos burocracia e mais capacidade para ajudar quem quer trabalhar, por mim quantos mais patrões houver com Ferrari´s à porta melhor, pois isso significaria que mais trabalhadores poderiam ter sempre o frigorífico cheio.

Não é minha intenção ofender ou magoar alguém, é apenas uma opinião sempre aberta a correcções fundamentadas.

Tânia Vaz