Um jornal diário publicou há dias uma notícia sobre a necessidade de Portugal ter de importar ainda mais cereais, continuando a aumentar a nossa dependência em produtos alimentares. Este facto é a consequência da destruição da agricultura que vem sendo efectuada por sucessivos governos, como tenho denunciado.
Essa destruição atingiu o máximo de intensidade com esse incrível Jaime Silva. Depois dele o ritmo de destruição abrandou mas não parou e, mesmo que tenha havido boas intenções, nada se fez no sentido que considero necessário para termos a agricultura que podíamos e devíamos ter, aproveitando as nossas boas potencialidades. Isso implica o ministério iniciar um Programa Intensivo de Investigação Agronómica (que descubra constantemente como agricultar melhor, no sentido mais lato) e de Extensão Agrícola (que leve até aos agricultores os conhecimentos de que necessitam), o que não é muito difícil.
O facto de muitas das alterações a fazer serem em culturas anuais permitirá colher bons resultados a muito curto prazo. Lembro-me que, num debate sobre agricultura realizado na televisão em 9 de Março de 1993, no programa “Terça à Noite”, um antigo ministro da Agricultura, apresentou como “prova” de que as nossas condições naturais não permitem boas produções de cereais, o facto de a média de produção de trigo na Holanda serem 8 toneladas por hectare, enquanto em Portugal eram apenas 2 toneladas por hectare. Para leigos, que estejam longe dos assuntos da agricultura - e, até, talvez para alguns que não estão muito longe... - a “prova” deve ter parecido lapidar, absoluta e definitiva. Acontece que a Holanda produzia 8 toneladas de trigo por hectare nessa altura. Em 1970, com as mesmas condições naturais - o mesmo solo e o mesmo clima - produzia apenas uma média de 4,5 toneladas de trigo por hectare.
E se recuarmos à década de 1940-1950, sempre com as mesmas condições naturais, a produção média de trigo era de 3 toneladas por hectare, o que ao tempo era considerado muito bom! A causa dessa grande diferença, que fez esse país quase triplicar, nalgumas décadas, a sua produção unitária de trigo, foi o excelente trabalho dum ministério da agricultura eficiente, possuindo uma boa investigação agronómica, provida dos meios necessários, que lhe permite descobrir constantemente formas de se agricultar melhor. Ocorrem-me as palavras do ilustre Professor Engenheiro Agrónomo D. Luís de Castro, escritas no princípio do século XX (há mais de cem anos!) e que já transcrevi noutro local: "....poderia transformar a cultura cerealífera em Portugal pela Ciência.
É extraordinário, é fantástico, o susto, o pavor ou a piedade que inspira entre nós, esta palavra aplicada à Agricultura.!" Não se pense que os resultados da triste situação em que a nossa agricultura se encontra afecta apenas os agricultores. Como parte da economia de base (com as pescas e a indústria), de que todas as outras actividades dependem, uma deficiente agricultura tem deletérios efeitos sobre o PIB (através do PAB, o Produto Agrícola Bruto), da balança comercial (com a quantidade enorme de produtos agrícolas que importamos - que não deviam ser necessários - e dos que não exportamos), no desemprego, na inflação e até na indústria e no comércio, a montante e a jusante. Era bom que os portugueses pensassem nisto e não consentissem a continuação dos crimes económicos e sociais resultantes da má governação.
Miguel Mota
Essa destruição atingiu o máximo de intensidade com esse incrível Jaime Silva. Depois dele o ritmo de destruição abrandou mas não parou e, mesmo que tenha havido boas intenções, nada se fez no sentido que considero necessário para termos a agricultura que podíamos e devíamos ter, aproveitando as nossas boas potencialidades. Isso implica o ministério iniciar um Programa Intensivo de Investigação Agronómica (que descubra constantemente como agricultar melhor, no sentido mais lato) e de Extensão Agrícola (que leve até aos agricultores os conhecimentos de que necessitam), o que não é muito difícil.
O facto de muitas das alterações a fazer serem em culturas anuais permitirá colher bons resultados a muito curto prazo. Lembro-me que, num debate sobre agricultura realizado na televisão em 9 de Março de 1993, no programa “Terça à Noite”, um antigo ministro da Agricultura, apresentou como “prova” de que as nossas condições naturais não permitem boas produções de cereais, o facto de a média de produção de trigo na Holanda serem 8 toneladas por hectare, enquanto em Portugal eram apenas 2 toneladas por hectare. Para leigos, que estejam longe dos assuntos da agricultura - e, até, talvez para alguns que não estão muito longe... - a “prova” deve ter parecido lapidar, absoluta e definitiva. Acontece que a Holanda produzia 8 toneladas de trigo por hectare nessa altura. Em 1970, com as mesmas condições naturais - o mesmo solo e o mesmo clima - produzia apenas uma média de 4,5 toneladas de trigo por hectare.
E se recuarmos à década de 1940-1950, sempre com as mesmas condições naturais, a produção média de trigo era de 3 toneladas por hectare, o que ao tempo era considerado muito bom! A causa dessa grande diferença, que fez esse país quase triplicar, nalgumas décadas, a sua produção unitária de trigo, foi o excelente trabalho dum ministério da agricultura eficiente, possuindo uma boa investigação agronómica, provida dos meios necessários, que lhe permite descobrir constantemente formas de se agricultar melhor. Ocorrem-me as palavras do ilustre Professor Engenheiro Agrónomo D. Luís de Castro, escritas no princípio do século XX (há mais de cem anos!) e que já transcrevi noutro local: "....poderia transformar a cultura cerealífera em Portugal pela Ciência.
É extraordinário, é fantástico, o susto, o pavor ou a piedade que inspira entre nós, esta palavra aplicada à Agricultura.!" Não se pense que os resultados da triste situação em que a nossa agricultura se encontra afecta apenas os agricultores. Como parte da economia de base (com as pescas e a indústria), de que todas as outras actividades dependem, uma deficiente agricultura tem deletérios efeitos sobre o PIB (através do PAB, o Produto Agrícola Bruto), da balança comercial (com a quantidade enorme de produtos agrícolas que importamos - que não deviam ser necessários - e dos que não exportamos), no desemprego, na inflação e até na indústria e no comércio, a montante e a jusante. Era bom que os portugueses pensassem nisto e não consentissem a continuação dos crimes económicos e sociais resultantes da má governação.
Miguel Mota