17/07/2018

Braga dos pobres




António Fernandes 
A cidade dos arcebispos bem pode puxar dos seus predicados de cidade da opulência que jamais conseguirá disfarçar a mácula da pobreza que alberga no seu seio e a consome.
De nada lhe adianta penalizar para esconder ou até perseguir para que se não veja ou mesmo encarcerar.
A pobreza é o limite da resistência pela vida onde a fome impõe regras de sobrevivência sem Lei que dite o comportamento nem repressão que coíba o seu manifesto.
Não adianta por isso mandar a autoridade prender ou a caridade dar alimento por um dia sabido que é não resolverem coisa nenhuma se não tiverem a sensatez e a sensibilidade para procurar solução de fundo e duradoura.
As iniciativas tomadas pelos seus angélicos governantes e o pudor eclesiástico recolhido, mais os em permanência pendurados nas comparticipações financeiras do Estado e da Comunidade Europeia usando o combate à pobreza; a inclusão; o desemprego; e tudo o mais que socialmente seja reprovado, como argumento para conseguirem aprovação de candidatura a fundos de financiamento, acabam a distribuir benesses e elogios enquanto que os que deviam beneficiar dessa autentica "orgia" continuam enclausurados nas condições de pobreza em que vivem por condição ou por consequência.
- A pobreza generalizada resultante de baixo rendimento do agregado familiar é generalizada no nosso Concelho;
- A pobreza carreada por exclusão social é uma chaga transversal por onde exala nauseabundo odor advindo de uma educação em que a culpa é solteira;
- A pobreza escondida por de trás das vidraças das janelas por vergonha isolamento ou idade é uma constatação a que a família não pode enjeitar responsabilidade e os poderes instituídos a assunção de culpa por inércia.
Este é o negro cenário da pobreza que quem pode não quer ver e cujo branqueamento com festas não consegue esconder e muito menos colmatar.
As instituições de solidariedade social escudam-se sempre por de trás de dificuldades económicas para manterem a face lavada esquecendo o voto público de solidariedade e de fraternidade na partilha das dificuldades e no voluntarismo da contribuição.
Uma treta pegada para com todos aqueles que acabam por dar por mal empregue o tempo dispendido ao serviço de vaidades sem que o seu objetivo de serviço tenha sido conseguido.
Importa por isso pensar as carências sociais à luz das necessidades das pessoas e não à luz do interesses eleitorais de alguns que acumulam interesse com desempenho sem se preocuparem com o eventual conflito moral de se servirem alegando que estão a servir.
Talvez por isso a Rede Social não consiga mobilizar o interesse e empenho participativo das comunidades locais onde se fica sem saber onde começa o perfil do presidente de junta e o do defensor de interesse de uma qualquer IPSS sem que todo o conjunto das forças sociais e associativas locais participem.