01/04/2017

Novo Banco, novo calote ao povo português




Mário Russo 
O atual governo através do Sr. Ministro das Finanças garantiu há uns tempos atrás que a venda do Novo Banco não iria acarretar custos para os contribuintes, ou seja, para o povo pagante das ineficiências e desmandos dos governantes. Foi alertado que um dos concorrentes à aquisição do Banco é um fundo abutre, o Lone Star, que nunca perde. Atua como abutre sobre carniça, desmembrando os ativos e vendendo-os a preço de banana a uma empresa do Fundo e exigindo a diferença ao Estado através das garantias de Estado que este assina. Mas a incompetência governamental na negociação está a vir ao de cima nos contornos conhecidos do negócio.
Não só o Governo de Portugal dá garantias de Estado, como não vai ter qualquer poder de decisão sobre a parte boa do negócio, para ser apenas o Fundo Abutre a ganhar. Só vai ter poder de ação sobre a parte má do negócio, que é garantir cerca de 4 mil milhões como garantia de Estado, que vai pagar toda esta ineficiência.
Um país estável e confiável depende de um governo sério (políticos acima de qualquer suspeita, sérios e, se possível, competentes), da separação de poderes (estado de direito), de um sistema de Justiça que funcione em tempo e um sistema bancário sério e confiável com operadores acima de qualquer suspeita.
Temos assistido em vários países à falência de quase tudo isto, e não é de se estranhar a eleição de populistas que se insurgem sobretudo à qualidade e seriedade dos políticos que conduzem o resto, por serem mentirosos e bastas vezes corruptos, corrompidos pelo poder económico.
Não me detenho em outros países mas apenas ao nosso, cujos governantes não aprendem com a experiência passada, nem com os erros. Tivemos na área bancária os desmandos que levaram às derrocadas do BPN, BPP, BES, Banif, assim como à necessidade de recapitalização da CGD por manifesta roubalheira generalizada conduzida por administrações politizadas e á situação do BCP, atirado à quase falência técnica, por ganância desmesurada com estratégias de Al Capone nos idos 2000, 2001 e seguintes cujo comportamento criminoso de manipulação do mercado foi já objeto de condenações criminais dos administradores de então e da CMVM, por manipulação do mercado, maquilhagem das contas, enganando os investidores que achavam boas as contas apresentadas, quando eram uma verdadeira falsidade. A Justiça nada fez para coibir estas práticas, porque os senhores juízes detêm-se muito mais ao acessório que ao essencial. Provam todos os crimes, mas depois ilibam os responsáveis por um qualquer prazo prescrito, sem atender que os crimes de colarinho branco são mais difíceis de descobrir e provar. Vão, por isso, alimentando a ideia que vale a pena prevaricar.
Na altura o Diretor da Área Internacional era o Dr. Caros Costa, atual Governador do BdP, que como inocente virgem, disse numa CPI que nada sabia, apesar de ter assinado e concordado o financiamento de dezenas de milhões de euros a sociedades offshores que só negociavam ações do BCP com financiamentos do próprio banco para artificialmente elevarem o valor das ações. Disse não saber quem eram e que não tinha de saber, revelando o grau de responsabilidade que tem e por isso o que tem feito à frente do regulador da banca. Mas, nada lhe atingiu e saiu-se desta sem qualquer penalização ou reparo da “nossa” Justiça.
Agora, o Ministro das Finanças, Mário Centeno, que parece ter aprendido bem os comportamentos inaceitáveis da mentira, assina um acordo criminoso que uma vez mais vai colocar o povo a pagar com língua de palmo, ao arrepio do que disse há uns meses atrás, mas que vai dizer o contrário no Jornal da noite nas TVs. Nem vergonha estes senhores têm. Estes comportamentos, em diversos setores de grande importância para um país, é que são os responsáveis pelo aparecimento dos “salvadores da pátria” que podem levar ao surgimento de governos ditatoriais por cansaço e descrédito da população com a mentira, corrupção e incompetência dos profissionais da política, verdadeiros camaleões e camufladores de opinião.