19/01/2017

NOVO BANCO VELHO PROBLEMA




Mário Russo
Provavelmente a maioria dos portugueses, como eu, acreditava que os bancos eram instituições fortes, seguras e sérias. A falência de um banco era algo que nem passava à distância, até que aconteceu o caso BPN, seguido do BPP, depois o BANIF e o BES, renomeado de Novo Banco. Os problemas no BCP e na CGD, etc.
As soluções foram sempre penalizantes para o erário público, que é um eufemismo de para o povo português, que paga todas as ineficiências governamentais, de supervisão e da gestão dos bancos com impostos e mais impostos, sem que os salafrários dos banqueiros sejam presos pelos crimes cometidos, graças a uma justiça ineficaz e de juízes que amam o acessório em detrimento do essencial, ilibando os gangsters por questões de interpretação dos prazos de prescrição, impedindo a moralização do sistema.
A solução do BANIF, entregue ao Santander, banco espanhol, foi imposta por Bruxelas e encaixada de cócoras pelos nossos governantes. Solução que não se percebe porque o Estado já detinha um empréstimo que deveria ser acautelado e não foi.
A CGD era uma instituição forte até que uma sucessiva leva de gestores, boys dos Partidos do arco da governação, agraciados pelos “serviços prestados ao partido”, transformaram a instituição num saco para amigalhaços sacarem milhões sem pagar e depois serem contabilizados em “imparidades”, outro eufemismo para “amigo, não precisas de pagar que vai haver uns patos para o fazer”.
Corriqueiramente vêm os políticos dizer que é preciso injetar capital nos bancos porque eles são fundamentais para a economia e não podem falir. Tudo à custa do “erário público”.
As notícias e evidências das CPI mostra um setor de gangsters que Al Capone ficaria corado de vergonha. Basta ver o caso dos antigos gestores do BCP que conclamaram os clientes a investir no banco na época de aumento de capital nos anos 2000, com prospetos e assédio dos gerentes e até empréstimos do próprio banco. Mas tudo não passou de manipulação de mercado com 18 off-shores e todo um conjunto de práticas dignas de máfias. Mais recentemente o caso BES ilustra isso mesmo. O Sr. Rendeiro que se pavoneia em NY é mais um exemplo para se perguntar afinal onde e o que faz o BdP? Que regulador é esse que nada sabe e nada faz para prevenir práticas mafiosas ? Parece que é uma espécie de “corno” do sistema financeiro.
O Novo banco não passa de mais um problema grave para a banca portuguesa que arrisca-se a não ter um banco confiável. Por isso, a sua solução de forma séria e competente seria desejável, mas não tem sido.
Com efeito, há várias opções em cima da mesa que devem ser avaliadas de modo tecnicamente competente e sem esconder nenhum dos dados para análise séria. Pode ser a venda ou a nacionalização. Os dados disponíveis sobre a venda são assustadores, pois um fundo Abutre dos EUA está em posição de ficar com o banco para vender o património a tuta-e-meia a uma empresa do próprio grupo e exigir que a diferença para o valor real seja paga por garantias de Estado, que o Abutre acionará sem apelo nem agravo.
Mas já apareceu na imprensa um aviso da DBRS, única agência que tem Portugal acima de ‘lixo’ a condicionar a decisão: “Uma eventual nacionalização do Novo Banco pode prejudicar o rating soberano”.
Esta notícia é mais uma que evidencia a perda de soberania a que Portugal se sujeitou ao longo destes anos e que não tem sido contrariada por falta de Estadistas a dirigirem os destinos do país.
 O Governador do BdP, parece que gosta do Fundo Abutre, pois já reiterou que é uma boa solução. Deve estar distraído o Sr. Governador, porque não sabe qual a prática do abutre americano. Mas a culpa não é do abutre, mas dos fracos com que negocia e de um supervisor que é anão, incompetente e ineficaz.
A DBRS ao debitar este aviso não é por inocência. Seguramente que não será por coerência técnica (não avaliou as consequências da venda como está delineada), nem é por seriedade. Esta prática canibal mostra o que tem sido feito ao longo dos últimos anos em Portugal desde a intervenção da Tróika que liquidou as joias da coroa portuguesa (agora de lata) de forma vergonhosa com o beneplácito dos nossos dirigentes governativos.
Está na hora dos Homens Bons saírem das poltronas e se indignarem com os políticos que temos e nos governam para o precipício.