23/02/2016

União Europeia trai os Pais Fundadores



Mário Russo
A criação da União Europa, antiga CEE, foi uma visão de homens de elevada estatura política, verdadeiros estadistas com visão estratégica para o velho continente que a miúde se via envolvido em conflitos militares internos, destruição de nações, morte de milhares de cidadãos europeus.
Deram-se passos muito importantes, mas ainda há muito a fazer, designadamente em matéria de harmonização fiscal, aduaneira e bancária, entre outras, para que o desenvolvimento dos vários Estados Membros seja mais harmonioso do que tem sido. De facto, não faz sentido que milhares de empresas da UE se deslocalizem em matéria fiscal para a Holanda, a Bélgica, Irlanda ou Luxemburgo, para fugirem ao pagamento dos impostos que deveriam pagar nos seus países de origem, como em Portugal acontece com 19 das empresas do PSI 20 terem sedes na Holanda, deixando rombos de centenas de milhões de euros todos os anos nos cofres nacionais, deixando que o fisco compense estas faltas com mais impostos sobre o trabalhadores portugueses.
As desigualdades económicas entre Estados têm-se acentuado depois da crise americana do subprime em 2008 que a Europa não soube lidar e, pior, incorporou essa crise para si, precisamente porque só tem moeda comum, com tudo o resto completamente desarticulado. A crise dos refugiados está a desagregar o que restaria da dita União Europeia. Constroem-se muros e emergem os egoísmos nacionais em que cada um só vê o seu lado. Os princípios fundadores são uma miragem e o que se passou nos últimos dias com a capitulação da UE diante das chantagens impostas pelos ingleses, evidencia que a UE está falida e não passa de uma piada. Os atuais lideres não passam de anões que acabam de trair os pais fundadores de uma Europa solidária, fraterna e igualitária.
Os ingleses foram sempre piratas e ladrões. Para amenizar o termo, eram considerados Corsários, porque roubavam e saqueavam para o Reino de sua Majestade. As frotas portuguesas que vinham dos confins do mundo, da Índia e China, ao chegarem à Madeira, tinham os ladrões ingleses para saquear e levar o produto para a Inglaterra. Portugal, para agradecer, firmou uma aliança, uma Santa Aliança que sempre serviu os interesses dos piratas.
Mas agora é a própria UE que se verga diante dos mesmos piratas de sempre. Até António Costa se curvou diante de sua Majestade o rei Cameron, a recolher migalhas que lhe eram jogadas. Com exceção da Polónia e mais 2 ou 3 Estados que se opuseram, os restantes países, vergaram-se aos caprichos dos ingleses.
A falta de visão estratégica está a matar o que resta desta UE. Os anões que hoje governam os países europeus estão a construir o caixão para o enterro desta patética União. Liderada por um político a contas com a corrupção no Luxemburgo e apoiado por governantes lacaios da alta finança, fingiram que fizeram um acordo com os ingleses com vantagens mútuas. Concederam tantas exceções às regras da União, que dificilmente um mentecapto aceitaria como razoável sequer.
Se a Inglaterra exige exceções que a beneficiam em detrimento de todos os restantes membros, numa clara desigualdade de tratamento, ao melhor estilo de desrespeito pelas mais elementares regras de igualdade de tratamento, num profundo desprezo pelos demais países, num pedantismo e arrogância só dignas de ditadores de republiquetas das bananas, tem todo o direito de se retirar voluntariamente do Clube. Os restantes países só teriam de aceitar esse desejo.
Após a saída do Reino Unido, que nunca quis ser de facto da UE, mas apenas beneficiar economicamente de lá estar, a UE só terá de trata-lo como um país qualquer fora da UE, a começar por sobretaxar os produtos ingleses que entrem no espaço Schengen, fim da mobilidade dos ingleses pela UE sem um visto, entre outros.
Esta caricatura de União como se comportará quando algum dos outros Estados unilateralmente exigir algo impensável? Mas fará hoje qualquer sentido fazer parte desta farsa? Hoje tenho dúvidas que faça e cada vez menos acredito nesta amálgama burocrática comandada por incompetentes egoístas com miopia em último grau.