21/01/2016

O que faz correr os candidatos à Presidência da República?



Mário Russo
Os dez candidatos ao próximo pleito eleitoral desdobram-se em ações de rua pelo país fora na tentativa de serem conhecidos os seus pensamentos, na convicção que assim vão influenciar o voto nos próprios.
Bem, não sei se eles penam mesmo isto, mas é provável que pensem mesmo, apesar de todos sentirem que Marcelo Rebelo de Sousa leva uma vantagem muito grande devido ao seu trabalho de casa de mais de 10 anos como comentarista na TV. Tem sido muito criticado por ser um cata-vento, como foi alcunhado por mudar de opinião com frequência.
Neste zigue-zague em particular, não vejo, sinceramente, que seja muito diferente da maioria dos políticos. A verdade de hoje é a mentira de amanhã e vice-versa. Veja-se o que os ex-PM prometeram e juraram antes das eleições e fizeram o seu oposto, com a maior das facilidades.
De facto a maioria dos candidatos não tem chances de discutir o pleito com Marcelo, Nóvoa e Maria de belém, os 3 apoiados pelos partidos de governação.
Os dois candidatos da extrema esquerda, pese embora a sua simpatia, terão apenas 50% de votos do próprio partido, ou seja, nem sequer conseguirão o pleno dos partidos que os lançaram (BE e PCP).
Os restantes candidatos vão a terreiro mas sabem que, numa sociedade cuja participação cívica é próxima de zero, não vão conseguir resultado que dê sequer para recuperarem o dinheiro que vão gastar através da subvenção paga pelo Estado a quem tenha 5% dos votos ou mais.
No entanto, o que é mais curioso é que uma sociedade em que as pessoas de um modo geral estão sempre prontas a julgar os outros e a criticar; que gosta de se ouvir nos fóruns da rádio, onde se apresentam como justiceiros e imaculados; que diz que os políticos são sempre os mesmos; que são uns corruptos; que não há oportunidade para a sociedade civil, etc, é a mesma sociedade que, ao aparecerem candidaturas credíveis da dita sociedade civil, como são Henrique Neto, Paulo de Morais e Cândido Ferreira, os criticam por se candidatarem, porque não têm chances. Curioso povo.
Bom, mas há candidatos que se apresentam para serem notados e fazer o seu marketing, como Jorge Sequeira, um psicólogo motivacional, que certamente vai ter a sua carteira de encomendas aumentada.
Apesar do circo de vaidades, pelo menos é a primeira vez que a eleição presidencial serviu para se discutir um pouco mais as funções do PR, por força de alguns dos candidatos e faça-se justiça a Paulo Morais, Henrique Neto, Marisa Matias e Edgar Silva, candidatos sem chance de ir a uma segunda volta, caso ela venha a existir, que duvido, a fazer fé nas sondagens e no que já vou conhecendo deste povo amorfo.