10/01/2016

O experimentalismo na Educação




Mário Russo
Um país que não respeita o passado não merece um bom futuro. Em Portugal e no que tange á educação, é muito comum os ministros de quase todas as pastas sentirem-se ungidos por um Deus (o deles) que consideram tudo mau antes deles e por isso fazem tábua rasa das políticas, programas e planos vindos de trás.
No caso da Educação é um verdadeiro descalabro e falta de bom senso o que se assiste. Cada Ministro quer deixar a sua marca. Invariavelmente têm deixado de facto uma, mas NÓDOA, com raríssimas exceções.
Nenhum país pode ser rico sem educação. Digo rico e não “novo-rico”, arrogante e balofo. Um país rico, livre e justo só pode ser um país educado. Mas os nossos políticos devem odiar a educação, pois abusam das nossas crianças como pedófilos.
 Ainda não vi um governo que seja, nas últimas décadas, a fazer a avaliação das políticas educativas que herda. O anterior não o fez e este também acha que não deve fazer. É um erro, tal como foi no desejado 25 de Abril de 74 (por liberdade e igualdade), ao se considerar que tudo que era do anterior Regime era mau, sem se ter o senso de separar o trigo do joio.
Na educação cometeram-se verdadeiros crimes que vêm até aos nossos dias. Desde logo porque o setor foi capturado pelo PCP e pelo facilitismo, a bandalheira e a indisciplina, com o argumento da liberdade e desde então colonizou o Ministério da Educação, impondo regras e metodologias experimentalistas, umas piores que outras, sobrevivendo apenas Ministros mais fortes e seguros das suas ideias, ainda assim de forma mitigada.
Aos Ministros que são mais fracos e são a maioria que por lá tem passado, essa paquidérmica máquina esmaga-os por completo. De facto, se há lugar onde proliferam os mais incompetentes em matéria de educação é justamente na 24 de Julho, onde funcionários sovietes mandam e desmandam nas políticas educativas. São ex-docentes que não põem os pés numa sala de aula há décadas, mas exímios em esdrúxulos programas e metodologias de ensino não testados.
Isto vem a propósito da anunciada medida facilitista do fim dos exames do 4º ano e demais anos, porque traumatizam as criancinhas. Na verdade a avaliação a contar é uma forma de preparar as crianças e jovens para um mundo cada vez mais competitivo.
Igualmente nefasto, é o fim das retenções (reprovações), com o mesmo argumento. Na verdade os alunos que não atingem os objetivos de aprendizagem devem ficar retidos para que não perpetuem esse fracasso e naturalmente fiquem desmotivados numa classe que não podem acompanhar as matérias novas por insuficiências que vêm de trás. Falo com conhecimento de causa.
O que deve acontecer e não é, é serem alvo de atenção especial. Porque é que falharam? Foi a Escola que não tem condições e meios adequados? Foi o professor que não era competente (que há imensos casos)? É um caso de pobreza que assola a família? É alguma insuficiência que deva ser superada e não foi? Foi falta de apoio pedagógico, Foi a metodologia que não resultou? Não se levou em conta a característica intrínseca do aluno? Etc.
Não há criança que não queira progredir. O que é preciso é que haja justiça e iguais oportunidades para todos e respeitar os tempos e características diferentes de cada um, adotando as metodologias mais adequadas de ensino. Na maior parte dos casos é preciso apoio às famílias, pois as crianças estão desamparadas por desamparo dos parentes pelo desemprego, miséria, fome, frio. Há crianças que vão para a escola com fome. Como podem aprender? Como podem amar a Escola? Há ainda escolas com carências de instalações (pese embora cada vez menos).Mas é preciso averiguar se o Governo dá as condições para isso.
Há crianças que devem passar para ensino mais prático e motivador ou ensino mais artístico, para a música, teatro, pintura, escultura, etc. , que é tão digno como o científico.
Uma ideia que parece ser boa, não passa de uma prática péssima. A falta de rigor na educação só facilita o aparecimento de falhados no futuro, porque não passam de diplomados ignorantes, quase inválidos para a vida e o mercado competitivo que temos.
As famílias ricas exigem rigor na educação dos seus filhos para que eles sejam líderes em toda alinha, as elites que mandam (política e empresarial). No entanto, muitos dos que “mandam” adoram que os filhos das famílias mais desfavorecidas tenham uma educação relapsa, pois assim nunca atingirão o topo.
A Esquerda que hoje apoia António Costa ao privilegiar temas fraturantes, de consciência e de puro facilitismo, julga prestar um serviço aos desfavorecidos. No entanto, só está a mascarar a realidade e a iludir incautos, que levará ao fracasso e desesperança no futuro, criando uma horda de incompetentes facilmente recrutáveis por extremistas e seitas. É isto que queremos?