15/07/2015

Grécia: Varoufakis diz que “acordo não é sustentável”



​Grécia: Varoufakis diz que “acordo não é sustentável”
Ex-ministro das Finanças deixou implícito na sua intervenção no parlamento grego que irá votar contra a proposta

O ex-ministro das Finanças grego Yanis Varoufakis deixou implícito, na sua intervenção no parlamento grego, que vai votar contra o novo acordo com Bruxelas.


O ex-governante considerou que o executivo liderado por Alexis Tsipras devia ter insistido na reestruturação da dívida grega antes de implementar um novo programa de resgate. Mas a reestruturação é tão inevitável que, na sua opinião, ela irá acontecer quando este novo resgate "falhar".


“Este acordo não é sustentável”, afirmou.

Para Yanis Varoufakis, o acordo é a resposta a um povo "que ousou dizer não", por isso é “um acordo punitivo”.

O ex-ministro de Tsipras, agora deputado, não tem dúvidas que o país está agora nesta situação "porque as negociações falharam".


Apesar de não ter assumido em nenhum momento o sentido do seu voto, Yanis Varoufakis acaba por deixar implícito o “não” pela dureza das críticas e das palavras.


Mais uma vez, o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schauble, mereceu referência como “Dr. Schauble”, com a palavra ‘doutor’ mais pronunciada. Varoufakis insistiu na ideia que tem defendido, nos últimos dias, em algumas entrevistas e textos de sua autoria:


“Estamos perante um novo tratado de Versalhes”


O Tratado de Versalhes (1919) foi um tratado de paz assinado pelas potências europeias que encerrou oficialmente a Primeira Guerra Mundial. Após seis meses de negociações, em Paris, o tratado foi assinado como uma continuação do armistício de Novembro de 1918, em Compiègne, que tinha posto um fim aos confrontos.1 O principal ponto do tratado determinava que a Alemanha aceitasse todas as responsabilidades por causar a guerra e que, sob os termos dos artigos 231-247, fizesse reparações a um certo número de nações daTríplice Entente.


Os termos impostos à Alemanha incluíam a perda de uma parte de seu território para um número de nações fronteiriças, de todas as colónias sobre os oceanos e sobre o continente africano, uma restrição ao tamanho do exército e uma indemnização pelos prejuízos causados durante a guerra. A República de Weimar também aceitou reconhecer a independência da Áustria. O ministro alemão do exterior, Hermann Müller, assinou o tratado em 28 de Junho de 1919.1 O tratado foi ratificado pela Liga das Nações em 10 de Janeiro de 1920. Na Alemanha o tratado causou choque e humilhação na população, o que contribuiu para a queda da República de Weimar em 1933 e a ascensão do Nazismo.


No tratado foi criada uma comissão para determinar a dimensão precisa das reparações que a Alemanha tinha de pagar. Em 1921, este valor foi oficialmente fixado em 33 milhões de dólares. Os encargos a comportar com este pagamento são frequentemente citados como a principal causa do fim da República de Weimar e a subida ao poder de Adolf Hitler, o que inevitavelmente levou à eclosão da Segunda Guerra Mundial apenas 20 anos depois da assinatura do Tratado de Versalhes.


Mas se este ex-governante não quis revelar o voto, 109 dos 201 membros do comité central do Syriza, o partido de Alexis Tsipras, assinaram uma declaração a condenar o novo acordo assinado com os credores internacionais. Um entendimento que consideram ser "o resultado de ameaças de imediata estrangulação financeira".

Outro discurso marca a votação do novo acordo. Zoe Konstantopoulou, presidente do parlamento grego e membro do Syriza, usou palavras duras apelando a todos os deputados para votarem contra a proposta.

"Não à chantagem! Não aos ultimatos! Não aos memorandos de servidão!", pediu acrescentando que a Grécia "não pode ter medo" de Bruxelas.

TVI / Wikipédia / JJ