14/07/2015

Capitulação da Grécia: O princípio do fim do projeto Europeu. A seguir somos nós Portugueses





A Grécia acaba de capitular diante de dirigentes europeus que ufanamente dizem ter chegado a um acordo. Na verdade não passa de um eufemismo utilizado pelos senhores que mandam e desmandam a seu bel prazer nesta Europa cínica.
Alexis Tsipras ganhou as eleições prometendo romper com o status quo reinante em Bruxelas e que estava a levar o povo Grego à miséria com um plano de austeridade que não resolvia o problema da economia e nem sequer permitia que o país pudesse honrar os compromissos assumidos pela Nova Democracia, partido do Sr. Samaras, que fazia o trabalho imposto pelos credores internacionais. Uma espécie de Passos Coelho Grego. Agora capitula e pode ser contestado fortemente nas ruas. Se era para fazer este papel, devia estar quieto.
Este novo Partido de contestação prometia fazer história na Europa. O seu líder, Alexis Tsipras, não usa gravata, tal como o seu ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, um prestigiado professor de economia numa prestigiada universidade americana, que anda de moto e de avião em classe económica, prometiam virar a mesa dos betinhos incultos que pululam nos corredores de Bruxelas. Mas capitularam às mãos esganadoras e sufocantes dos credores que sabiam que Aquiles deixou um calcanhar frágil na Grécia. A sua estatura administrativa é rudimentar, a máquina fiscal inexistente, a disciplina é uma miragem e o rigor uma forma retórica de ver as coisas. Nestas condições era fácil sufocar a economia, estrangulando-a, como se viu. Sem dinheiro, o país não pode comprar a maior parte dos bens que vem dos países vizinhos. O suficiente para a contestação voltar às ruas e forçar o Governo a ceder em toda a linha, ou quase. Já sem Varoufakis, que se demitiu porque sabia que a sua presença irritava os betinhos, a nova equipa apresentou-se em Bruxelas com uma corda ao pescoço, como Egas Moniz diante do rei de Espanha.
A Grécia, ao contrário do que se faz crer, foi o país da Europa que mais cortes nos rendimentos teve de fazer para satisfazer o plano de “ajustamento” da economia desenhado pela troika. Cortes salariais e nas pensões, aumento de impostos, cortes nos benefícios sociais, privatizações a tuta e meia, etc., com os resultados que aí estão. Só que querem insistir na receita, cujo resultado já se sabe de antemão.
A dívida que o país contraiu sem qualquer escrutínio por parte das instâncias credoras, é impagável porque a maior parte não beneficiou o povo Grego, mas a indústria e a banca alemã e francesa e a oligarquia Grega, portanto ilegítima. Culpados são os governos da Grécia que antecederam o do Syriza e, sobretudo, as instâncias europeias e o FMI pela conivência estratégica que deixaram arrastar por décadas o regabofe. Agora, todos deveriam assumir os erros desse passado vampiresco e aceitar, com os ajustes adequados, o plano apresentado por Tsipras, porque permitiria a Grécia pagar o montante que lhe cabe liquidar e com tempo. Mas à imagem desse plano, com um corte na dívida (também erradamente chamado de perdão), outros países em iguais circunstâncias, como Portugal, deveriam ser contemplados, como única forma da economia crescer minimamente e beneficiar muito mais gente.
O Syriza estava convencido que a sua dívida astronómica era suficiente para que outros países em pré-bancarrota, como Portugal, Espanha, Itália, Bélgica e Irlanda se unissem em prol de uma reflexão séria de modo a tratar do assunto com a dignidade que o mesmo merece. Só que os pobretanas foram os que mais finca-pé fizeram para torpedear os intentos de Tsipras.  Estão todos convencidos que estão bem, como se vangloria Passos Coelho, e que a Grécia é que tem de ser educada á força, pois são uns preguiçosos. Porém, o pior é que ainda não se viram ao espelho.
Mário Russo
O dito acordo, é uma carta de rendição, daqui a 3 dias. Rendição que é apenas o princípio do fim do Euro, sem que Passos Coelho e a sua ajudante das Finanças (e outros betinhos) se tenham apercebido que assinaram a própria morte. É uma questão de tempo, como o sismo que se abaterá sobre Lisboa. Só não se sabe quando acontecerá e se será ainda Passos a estar ao leme do bote furado que é Portugal.