14/06/2015

Férias dos alunos e os pais



O Conselho das Escolas (CE) fez esta semana uma recomendação ao Ministério da Educação no sentido de os alunos terem uma pausa de dois dias a meio do primeiro período, uma espécie de férias de Outono, altura em que as escolas poderiam planear actividades de apoio aos alunos que revelassem maiores dificuldades. Metendo-se o sábado e domingo, daria quase uma semana sem aulas. 

A proposta não agradou a Confederação Nacional de Associações de Pais (Confap) que criticou as várias pausas que já existem ao longo do ano e defendeu a necessidade de uma revolução no ensino e um período lectivo muito mais longo em que as aulas deveriam começar no início de Setembro e terminar no final de Julho.

Esta associação de Pais em tempos idos alinhava constantemente com posições do Governo de José Sócrates esquecendo-se de  representar verdadeiramente os Pais. Também não o podia fazer pois foi eleita por 5% de todos os pais que existem nas escolas portuguesas.Recordo-me de ler na imprensa os subsídios que recebia.

Um dos graves problemas do ensino em Portugal é todos se meteram onde não são chamados . A Escola é primordialmente dos professores, dos seus alunos e do pessoal não docente e somente depois deve vir o Ministério da Educação, e por fim, os pais. 

Não nos podemos esquecer que muitos professores também são pais e têm um know how excepcional para se perceber que mais tempo na escola não é o mesmo que melhor aproveitamento e qualidade.

A verdade é que muitos pais pensam que uma escola é um armazém de pessoas, neste caso, crianças . As crianças, jovens e adolescentes precisam de tempo para crescer e tempo de lazer para o seu amadurecimento físico e intelectual. Isso não se consegue estando enclausurados o dia todo e o ano todo numa escola. Não se pode criar robots, mas cidadãos completos e as crianças precisam de espaço para socializar.  A verdade é que neste momento muitos estão na escola das oito da manhã às seis da tarde a estudar, com a agravante de ainda trazerem TPC para fazer em casa.

As crianças precisam de crescer como um todo e não apenas na vertente escolar. Os nossos filhos estão cada vez mais ocupados, são cada vez mais competitivos no sentido de terem as melhores notas e serem os melhores, e isso pode pôr em causa a entre-ajuda entre colegas.

A questão é que os pais querem que os professores na Escola tomem conta do seus filhos Todavia os professores não são babysisters são docentes que ensinam matéria educativa. 

Compreendo que muitos pais não têm onde deixar os seus filhos. Todavia deve-se arranjar animadores culturais e pessoas específicas para essa tarefas. Não professores que tem a função de ensinar, avaliar e procurar a melhor estratégia para que os seus alunos tenham sucesso , e não, de tomar conta de pessoas. A tarefa de ocupação de tempos livres tem que passar por outros pessoas devidamente habilitadas para o efeito.

Por mim, as aulas começavam em Outubro e terminavam no início de Junho e depois vinham os exames. Formei-me nesta sistema de calendarização de aulas e não me dei mal .
Agora chegaram à conclusão que o 1.º período é extremamente longo, extenuante e querem fazer a meio uma espécie de pausa pedagógica . Vai dar ao mesmo, mais valia começar as aulas mais tarde - início de Outubro

Tanto vão experimentar e andar que vão voltar ao que sempre foi : aulas a começar no início de Outubro. Por outro lado um estudo recente acha que aulas com mais de 50 minutos não permite que os alunos mantenham a atenção e concentração , sendo  uma das causas da indisciplina na sala de aula. Recomenda voltar às aulas de 50 minutos e não turnos de 90 minutos.

Por favor, quem nos governa tenha um desígnio nacional - a educação . Não se ande constantemente a fazer experimentações - as pessoas não são cobaias. A opinião dos pais deve ser tomada em conta mas tendo sendo como fito o melhor para educar e não o que é melhor para a vida dos pais. 

Prejudiquei muitas vezes a minha vida profissional ficando com o meu filho quando estava doente ou não tinha com quem ficar. Ser pai é uma opção de vida e deve ser assumida integralmente e não por outros ( escola, docentes  e não docentes).

JJ