18/03/2015

Consumo vs. consumismo


Isabel Coutinho

Bom dia Joaquim Jorge,

Têm reclamado a minha ausência no blogue do Clube dos Pensadores. 
Tal ausência está justificada com desabafo publicado "Sem pachorra" em Outubro de 2014.
Também porque me tenho dedicado a outras causas em que a minha presença ou intervenção têm feito alguma diferença (sempre para o bem) e assim fico com menos tempo para escrever, ou desabafar por escrito. 
Os temas em torno da politica não me entusiasmam, desisti, por enquanto e enquanto apenas me saírem palavrões e palavras que evito, por mostrarem sentimentos de revolta e porque são acontecimentos que são um atentado à inteligência de qualquer um que esteja desperto para a sociedade até mesmo para o mundo.
Tenho me dedicado à leitura da poesia e a texto com conteúdos construtivos, de forma a olhar para outro lado que me possa munir de mais saber, serenidade e força para a mudança que está para vir.
Posso partilhar com o blogue o último texto que li e que faz todo o sentido o tema não ser esquecido numa sociedade doente como esta a que estamos a viver e a educar para futuro.

Consumo vs. consumismo...
O consumo favorece a vida, precisamos consumir para viver. O problema portanto não é o consumo, é o consumismo, que alude ao excesso e ao desperdício. O desperdício de qualquer coisa (água, comida, roupa, tempo, energia etc) é imoral. Ostentar a abundância onde ainda haja tanta escassez é efeito colateral de uma sociedade alienada e desconectada da realidade. Em um mundo onde os recursos naturais não renováveis – fundamentais à vida – são limitados e se esgotam rapidamente, é preciso consumir com consciência. Sabendo usar, não vai faltar. Nesse sentido, o consumo pode ser entendido como um ato político.(...)Quem consome de forma irresponsável age de forma individualista, egoísta, hedonista, sem noção do quanto contribui para a destruição dos estoques de natureza que necessitamos para viver. Nós e os outros que ainda virão.(...)Qual o projecto civilizatório da sociedade de consumo? Se for consumir à exaustão, entender como diversão a acumulação ilimitada de bens e de posses, a ostentação do supérfluo (entendendo-se o supérfluo como aquilo que não merece ser chamado de necessário em uma consulta à própria consciência) não vejo saída possível. Os que defendem o amplo direito de todos consumirem sem restrições ignoram importantes estudos já produzidos sobre os limites do planeta.(...)Quem se diz consumista ignora a armadilha em que se encontra, pois nunca estará totalmente saciado. Será sempre refém de novas campanhas publicitárias, que despertam novos sonhos de consumo. Há outra questão importante quando alguém se assume como consumista: é triste transferir para objectos descartáveis e perecíveis o direito de ser feliz. Só pode ser feliz quem consome além da conta? Só pode ser reconhecido como alguém bem sucedido quem ostenta marcas de luxo? São questões que deveríamos prestar mais atenção, reflectir juntos e buscar soluções que visem o bem estar colectivo em um planeta que é um só, e os recursos são finitos.

Que seja bem-vindo apenas o "consumismo" de cultura, saber, conhecimento, de mais tempo com os amigos e a família, experiências afectivas plenas de significado e valor!

Sem disposta
(bem ou mal)
Isabel Coutinho