20/02/2015

GAIA continua…




Logo que o novo executivo socialista tomou posse fui apologista que se deveria fazer uma sindicância à CM Gaia, tendo em conta as dúvidas suscitadas pelo PS e rumores de determinadas situações. Li em notícias e fui informado que não havia dinheiro para o fazer! Nunca entendi muito bem como há dinheiro para festivais e motonáutica, e não há dinheiro para se saber em que pé está a situação económica da CM Gaia. Seria importante para apurar responsabilidades e traçar um plano de reescalonamento da dívida da CM Gaia.

As notícias sobre dívidas têm saído por conta-gotas e por vezes repetidas, o que é muito mau para a imagem do executivo.

Há um erro de casting na forma de abordar este intricado problema. Ou se procurava o apoio de Luís Filipe Menezes, anterior presidente, que está por dentro dos dossiers e se pedia a sua opinião avalizada na solução deste imbróglio, ou partia-se para outra solução assumindo a ruptura com todas as consequências que daí podiam advir.

Não se fez isso, ficou-se como o tolo no meio da ponte, não se sabendo para que lado ir. Porventura esta indefinição tem a ver que o PS foi oposição durante muitos anos estando por dentro de tudo que se estava a passar e Eduardo Vítor Rodrigues esteve como vereador da oposição em vários executivos assumindo nos últimos anos a liderança da oposição, quando o candidato do PS à liderança da CM Gaia, Joaquim Couto abdicou.

Por outro lado, no actual executivo da CM Gaia, para além de cinco vereadores do PS, há um vereador do PSD e três vereadores independentes de Guilherme Aguiar. É complicado dizer-se mal de quem se tem na nossa casa. Guilherme Aguiar fez parte da administração da Gaianima e de anteriores executivos, o PSD esteve à frente dos destinos da Câmara durante dezasseis anos.

Uma Câmara é uma instituição que exige continuidade e um trabalho a longo prazo, não é por se mudar o seu presidente que as coisas se devem mudar todas. A relação entre Luís Filipe Menezes (LFM) e Eduardo Vítor Rodrigues sempre foi aparentemente boa, pelo menos institucionalmente era isso que transparecia, havendo elogios mútuos chegando o actual presidente a estar presente no aniversário dos 60 anos de LFM.
Compreendo e até aceito que se procurasse uma transição com elevação e respeito pelo que foi feito anteriormente. Mas custa-me aceitar este rol de notícias sobre as dívidas da Câmara, parece que se está a queimar em lume brando LFM. Foi notícia, por estes dias, que foi indeferida no Supremo Tribunal Administrativo uma reclamação da CM Gaia sobre a VL9 (o proprietário dos terrenos pede 27 milhões de euros de indemnização). Não esquecer que para além deste processo há o da CIMPOR que pede uma indemnização avultada, para não falar da Gaianima.

Não seria de bom-tom procurar resolver estes processos de uma forma diplomática e nos bastidores, sem alarido, para se tentar chegar a acordo com os intervenientes e a CM Gaia? Em vez de constantemente saírem notícias que só degradam a imagem da CM Gaia e dos próprios gaienses, no qual me incluo. Já chega de andar a fazer sempre queixinhas públicas que o Menezes é isto e é aquilo. Todos nós já sabemos que há que pagar as dívidas de indemnização, mas já é tempo de se arranjar uma solução para o problema e apresentá-la publicamente aos gaienses.

Luís Filipe Menezes cometeu erros mas não é um herege, fez muito por Gaia e colocou Gaia no mapa. Cometeu alguns exageros e fez obras que poderiam ter sido feitas de outro modo, mas verdade seja dita, Gaia antes de Menezes era uns arrabaldes do Porto. Agora é uma cidade moderna e com vida própria.

Por outro lado, todos sabemos se Luís Filipe Menezes pudesse concorrer à CM Gaia vencia sem apelo nem agravo. Pela limitação de mandatos não o pôde fazer e tentou a aventura do Porto que lhe saiu furada.
Menezes foi perito em fazer muitos "amigos" que só o eram para ter lugares e benesses. Na primeira oportunidade traíram-no esquecendo-se de tudo que lhes deu. Nessa gente não existe a palavra reconhecimento e solidariedade.
Há já quem anseie e tenha saudades de Luís Filipe Menezes. Mas para isso se verificar tem que resolver os seus problemas com alegadas irregularidades judiciais e depois construir um novo projecto com outro tipo de pessoas e de companhias.

JJ
*artigo publicado no jornal Audiência