25/11/2014

UM PAÍS A PIQUE, EMARANHADO NAS REDES DA CORRUPÇÃO




Daniel Braga 
Estamos ainda com o cutelo em cima da cabeça, com o terror e a ameaça de uma falência económica e financeira por culpa da incompetência, ineficácia e falta de transparência de governos sucessivos do arco do Poder (PSD/PS/CDS) e um sistema bancário falível, inoperante, corrupto e completamente ao serviço de interesses obscuros e opacos que o conduziram ao estado calamitoso em que ainda hoje se encontra, eis quando um terramoto quase total se abate com o desmoronar do Portugal institucional através dos casos de corrupção  sucessivos conhecidos (casos Tecnoforma, Vistos Gold - para não falar dos mais antigos - e, agora, todo este ciclone à volta dos negócios obscuros de José Sócrates).  
Descredibilizam-se as instituições e a classe política, passando a sensação que o fenómeno da corrupção se generalizou de tal modo que já ninguém se tornou imune a este estado de coisas. Com a chegada e prefusão das redes sociais e da sociedade da informação tudo ficou bem mais visível e célere, estabelecendo-se uma maior rapidez na propagação da rede do conhecimento e da comunicação perante casos que antigamente raramente chegavam à opinião pública. Verdade se diga que, mesmo que lentamente, o poder judicial já vai fazendo o seu papel não perdoando os chamados crimes do colarinho branco. Ninguém está acima da lei, a justiça começa finalmente a atuar sem olhar à cor, credo e posição social de quem quer que seja.
O País tornou-se, nos últimos tempos, uma fonte de preocupação e um mau exemplo de credibilidade perante os múltiplos casos de fraudulência económica, fiscal e financeira. Casos e mais casos que em nada abonam a favor de uma saída lenta da crise para patamares de crescimento e desenvolvimento que se crêem poder ser atingidos, embora ainda de forma ténue e envergonhada.

Perante tal estado de coisas, algo me abala o espírito e me faz interrogar: será que estamos num fim de ciclo que se iniciou há 40 anos? Será que teremos de refundar todo um conjunto de práticas mas com outros atores e interlocutores? A democracia portuguesa, desde 1974, teve, para o bem e para o mal estes atores políticos, estes partidos- com uma ou outra nuance- o mesmo sistema eleitoral, mas a refundação de um ciclo pressupõe a entrada em cena de novos interlocutores, novas ideias, novas práticas e eventualmente, um novo conceito de participação ativa dos cidadãos na consolidação do modelo democrático.
O País esse, continua atolado neste emaranhado de redes de corrupção, cada vez mais desacreditado e este “caso Sócrates” apenas vem confirmar a decadência e a falência continuada de um regime, que precisa urgentemente  de ser renovado e fortemente credibilizado.