15/06/2014

PS




Portugal não se pode dar ao luxo de ter um PS dividido e sem rumo. Este enfrentamento e divisão que se manifesta, entre António José Seguro e António Costa, vai levar o partido a não conseguir vencer as eleições legislativas de 2015. Uns querem e defendem um Congresso extraordinário e directas, quem está com António Costa, outros querem primárias, quem está com Seguro ,que não constam dos estatutos do PS e estão marcadas para Setembro.

Por outro lado, ainda não se sabe a decisão de todas as federações do PS (21) sobre se há ou não congresso extraordinário mas já se sabe que um congresso extraordinário não poder ser electivo e que um líder eleito em directas com António José Seguro tem legitimidade própria não podendo ser destituído por qualquer órgão do partido.

Em vez de se ter um PS forte, mobilizador e de corporizar uma mudança politica, capaz de mobilizar o país discute-se processos electivos, normas estatutárias e rebuliço interno que passa ao lado da maioria dos portugueses.
Enquanto António Costa andou a pensar se concorria ou não à liderança do PS, António José Seguro blindou o acesso ao poder no PS como uma muralha intransponível.
Os militantes, ao que parece, vão ter a liberdade de votar no que crêem melhor para o partido. Se o PS não tem rumo, segue dividido e não oferece um projecto alternativo de governação arrisca-se a tornar-se um partido médio ou pequeno.

Durante estes últimos anos, o PS não soube aproveitar a onda de descontentamento e não foi capaz de interpretar o que os cidadãos lhe disseram em 2011, nas últimas legislativas e recentemente nas autárquicas e europeias, apesar de vencer de uma forma agridoce.
O PS sem complexos deveria ter-se libertado do fantasma José Sócrates, mas não o fez. Antes pelo contrário, querem ressuscitar esse pesadelo que ficou caríssimo aos portugueses.
Os portugueses ainda não se esqueceram e ainda não perceberam qual o caminho que o PS quer seguir. Com certeza que há muitas coisas que os sucessivos governos PS ao longo de quarenta anos de democracia, fizeram foram boas: saúde pública; ensino público; pensões; etc..
Os portugueses olham para o PS de duas formas distintas: Seguro é um líder fraco que não consegue inspirar confiança e António Costa um líder forte que inspira alguma confiança mas está ligado ao pior de um governo PS, na era Sócrates.

Este é o dilema. A situação que os portugueses atravessam questiona a forma de governação mas não querem nunca mais governos à moda de José Sócrates. O momento de desassossego social, os cidadãos têm outras prioridades e o debate actual do PS pela sua liderança não vai ao encontro das suas necessidades.
Basta ver as manifestações de rua em que há milhares de famílias que passam mal. As pessoas querem que lhes fale de emprego e que não se branqueie a era Sócrates. Isto quer dizer que têm relutância em aceitar Seguro porque é fraco e sem carisma, por outro lado querem António Costa mas que corte de uma vez por todas a sua ligação umbilical a Sócrates.
Este dilema do PS é muito bem aproveitado pelo coligação do governo que vive um momento de alguma instabilidade com os chumbos no TC. O PS que tinha tudo para vencer as próximas eleições dificilmente deixará de ficar dividido e debilitado. O governo que está dividido parecendo que tem dois primeiros-ministros: Pedro Passos Coelho e Paulo Portas, tudo vai fazer para se manter unido e continuar no poder.

JJ