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Miguel Mota |
Eu costumo jogar no Euromilhões.
Sei que as probabilidades de ganhar um
prémio significativo são ínfimas. Mas, porque esse dinheiro ajuda a
Misericórdia e porque, apesar dessas ínfimas probabilidades, há uma remota
possibilidade de ganhar um prémio significativo, todas as semanas gasto nisso
alguns euros.
Vamos supor que em Portugal havia um concurso semelhante em
que o jackpot era a eleição do primeiro-ministro. Atendendo ao número de
cidadãos que poderiam servir para exercer esse cargo, as probabilidades de
alguém acertar não são muito altas, embora as do Euromilhões sejam bastante mais
baixas.
Por razões que não sei explicar,
certamente uma inspiração superior – o sobrenatural ainda nos escapa
completamente – eu tive um forte palpite que me dá a ideia de poder
concorrer a esse concurso apenas com
dois boletins. Esse palpite diz-me que, entre todos os cidadãos, a maioria dos
portugueses vai considerar que os melhores para exercer o cargo de
primeiro-ministro, para uns será Pedro Passos Coelho e, para outros será
António José Seguro. Se o meu palpite estiver certo e se as eleições fossem
agora, bastava-me concorrer com dois boletins para ter a certeza de ganhar. Se
preencher só um boletim, arrisco-me a perder.
Que pena que eu tenho de não ter a
mesma inspiração superior em relação à chave do Euromilhões pois aí também
tenho toda a liberdade de escolher a que considero melhor! Até não me importava
de fazer vinte ou trinta boletins.