30/04/2013

Eleições livres

Miguel Mota
        Em Portugal há alguns milhões de cidadãos que poderiam exercer o cargo de primeiro-ministro. Seja antecipadamente ou no tempo regulamentar, vamos ter eleições para esse importante cargo, o cargo de que depende muito o progresso ou o afundamento dum país. Como quase todos os portugueses clamam que vivemos em democracia e têm, obviamente, eleições livres, os portugueses vão ter de decidir quem é a pessoa que consideram melhor para dirigir o governo de Portugal.

Eu costumo jogar no Euromilhões. Sei que as probabilidades  de ganhar um prémio significativo são ínfimas. Mas, porque esse dinheiro ajuda a Misericórdia e porque, apesar dessas ínfimas probabilidades, há uma remota possibilidade de ganhar um prémio significativo, todas as semanas gasto nisso alguns euros.

Vamos supor que  em Portugal havia um concurso semelhante em que o jackpot era a eleição do primeiro-ministro. Atendendo ao número de cidadãos que poderiam servir para exercer esse cargo, as probabilidades de alguém acertar não são muito altas, embora as do Euromilhões sejam bastante mais baixas.

Por razões que não sei explicar, certamente uma inspiração superior – o sobrenatural ainda nos escapa completamente – eu tive um forte palpite que me dá a ideia de poder concorrer  a esse concurso apenas com dois boletins. Esse palpite diz-me que, entre todos os cidadãos, a maioria dos portugueses vai considerar que os melhores para exercer o cargo de primeiro-ministro, para uns será Pedro Passos Coelho e, para outros será António José Seguro. Se o meu palpite estiver certo e se as eleições fossem agora, bastava-me concorrer com dois boletins para ter a certeza de ganhar. Se preencher só um boletim, arrisco-me a perder.

Que pena que eu tenho de não ter a mesma inspiração superior em relação à chave do Euromilhões pois aí também tenho toda a liberdade de escolher a que considero melhor! Até não me importava de fazer vinte ou trinta boletins.