05/06/2012

Pedro Passos Coelho sabe com quem está a governar?

António Borges é daqueles políticos que está sempre nos bastidores, mas a faturar. Ex-putativo ministro disto e daquilo. Ex-putativo líder do PSD. Tenho conhecimento dele há muitos anos, pela imprensa. Primeiro como docente da área económica em França onde teve suvesso como diretor de uma prestigiada Escola de Economia e como membro da banca internacional, com mais relevo no Goldman Sachcs filial inglesa do banco norte-americano, de 2000 a 2008 e mais recentemente demitido do FMI, onde era Diretor do Departamento do banco para a Europa.
Mario Monti, Mario Draghi, Lucas Papademos e António Borges. Em comum têm o facto de pertencerem à família Goldman Sachs (GS), «apenas mais um banco», mas cujos tentáculos estendem-se onde menos se imagina: da maré negra do Golfo do México à crise das dívidas soberanas na Europa e do subprime nos EUA.
Marc Roche, editor financeiro do Le Monde em Londres não é um desconhecido, e muito menos desavisado. É o autor de um livro, já premiado, que conta a história da Goldman Sachs e de como este banco dirige o mundo. Na obra são denunciadas as estreitas relações entre a banca e o poder.
O nome de António Borges surge logo na primeira página do livro: responsável por supervisionar os resgates da Grécia e da Irlanda no FMI, saiu de Washington «oficialmente por razões pessoais», «oficiosamente» por fazer parte de um banco responsável pela «maquilhagem das contas gregas em 2002-2003», acusa Marc Roche.
Marc Roche acredita que o Goldman Sachs pode aproveitar agora para «ter uma participação» nos negócios da compra e venda de empresas nacionais, por tuta e meia. Mais um pequeno item no currículo do banco, que assim recupera dos biliões de perdas com a safadeza do subprime.
O correspondente diz que António Borges, surge neste tabuleiro como um peixe pequeno, mas que levanta sérias reservas tendo em conta a tarefa que tem agora em mãos.  É que agora é um super ministro na sombra.
PPC foi busca-lo para tratar de liquidar o que resta do património luso, com o fabuloso ordenado de 225.000 euros de salários livres de impostos, o que representaria, pelo menos mais de 300 mil euros.
Este senhor acha que a economia portuguesa será competitiva baixando os salários dos trabalhadores. Será uma China na Europa. É com gente desta que PPC está a governar, não se sabendo se têm lealdade à pátria e ao Governo donde sorvem chorudos salários das arábias ou se servem os propósitos estratégicos do Goldman Sachs.
É bom que o PM saiba bem com quem está e não deixe passar a ideia que é este senhor que manda e orienta o Governo na política económica.
Aliás, passa a ideia que o governo mente a cada tomada de decisão. Deixa de haver confiança nos governantes e isso é o pior que pode acontecer a um governo. Faz-me lembrar os tempos de Sócrates em que ninguém, a não ser o próprio, acreditava no que ele dizia. Não é bom para Portugal. Eu ainda quero acreditar que PPC é uma pessoa séria e bem-intencionada.
Mário Russo

*novo AO